quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Arca Perdida: Uma Noite Alucinante.


A tia Maria (nome fictício) foi uma senhora que trabalhou comigo por muitos anos em Porto Alegre.  Pequena, acanhada, sentimental, honesta e batalhadora, tinha algo em torno dos seus setenta anos quando me contou essa história de sua vida:

Maria nasceu e cresceu numa localidade rural no interior do Rio Grande do Sul. Casou muito jovem com um homem violento. Certo dia ela o observou afiar por horas um enorme facão em uma pedra. Seu olhar frio e ameaçador a fixava. Ao anoitecer, ele carrega uma carroça com o facão e uma pá.
– Sobe, mulher. – ele ordena.
Ambos cortam estradas, atravessando a noite até apear em um matagal.
– Essa noite eu vou te matar e tu vai cavar tua própria cova!
Sob a ameaça do facão, Maria cava, rezando silenciosamente para Jesus e a Virgem por uma salvação. A noite se arrasta e o buraco aumenta.
– Acho que agora já tá bem fundo. Sobe na carroça e vamo embora pra casa. – inesperadamente ele completa.
Maria escapa com vida e, no amanhecer do dia, foge pra nunca mais voltar.

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