quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Lenda da Fundação


Conforme explicado no post anterior, comecemos nossa jornada através das lendas dessa cidade enigmática pelo princípio de tudo, a Lenda da Fundação de Cruz Alta. Boa viagem e até a próxima!


Essa história aconteceu por volta de 1630, na região onde mais tarde nasceria a cidade de Cruz Alta, um dos locais onde os jesuítas atuavam na catequisação dos índios guaranis. Esses missionários espanhóis também fundaram por ali diversas fazendas destinadas à criação de gado. João Rodrigues, administrador da Fazenda Conceição, era viúvo, e vivia com sua única filha, Jacy, a quem amava muito, e considerava seu maior tesouro.

Pai e filha eram muito unidos, e uma de suas atividades preferidas eram os passeios pelos campos, costeando as belas e misteriosas matas da região. Certo dia, na ocasião do aniversário de sete anos da menina, estavam os dois entretidos em uma dessas caminhadas, quando João Rodrigues ouve um canto de pássaro diferente de qualquer outro que já tivesse ouvido. Intrigado e maravilhado com o canto misterioso, começa a perseguir o som, que a todo o momento muda de direção, fazendo-o embrenhar-se na mata mais e mais. Passado muito tempo nessa perseguição infrutífera, percebe que se encontra longe do local onde deixara sua filha desprotegida. Sentindo-se culpado com o próprio desleixo, parte em sua procura com a arma em punho, receando que algum mal tivesse atingido a menina. Quando finalmente a encontra, seu coração dispara, e é tomado do mais terrível pânico: a menina está lado a lado com Aó, monstro horrível e feroz que assombra a região. Temeroso pela vida de sua única e preciosa filha aponta a arma para o monstro, mas a visão da pavorosa besta é tão aterrorizante que ele cai morto, fulminado por tamanho horror. 

Jacy, assustada e com fome depois de tantas horas longe de casa, começa a chorar. A temida fera inesperadamente deita-se no chão e oferece o leite de suas mamas para saciá-la. Anoitece, e a fera continua protegendo, aquecendo e alimentando a menina enquanto as horas de escuridão transcorrem.

No dia seguinte, empregados da Fazenda Conceição espalham-se à procura de João e sua filha. Um grupo finalmente os encontra, deparando-se com a cena fantástica: o pai inerte e sem vida, e a fera Aó amamentando a menina Jacy. Perplexos, todos exclamam: “Milagre de Jesus!”, e assentam no local uma grande cruz.

A fama do lugar se espalha, e cada vez mais pessoas fazem peregrinações para conhecer o local onde o milagre acontecera. Uma capela é construída, e com o tempo forma-se um povoado, cujos habitantes passam a ser conhecidos como “Povo da Igreja da Cruz Alta”.

O local onde foi plantada a cruz original permanece marcado até hoje.

domingo, 26 de agosto de 2012

Releituras


Os mais atentos já devem ter percebido que a cidade onde nasci, Cruz Alta, é um tema bastante frequente aqui no blog. É um lugar que exerce um certo fascínio sobre mim. Por vezes ela me parece um universo à parte, um microcosmo hermético e recheado de mistérios. Sua cultura, suas tradições, hábitos e habitantes (imortalizados nas páginas de O Tempo e o Vento, obra magistral de seu maior filho, o escritor Érico Veríssimo) são como as peças de um quebra-cabeça novelesco e surreal, cujo capítulo seguinte é uma grande incógnita.

Movida pelo poder das locomotivas e da política, palco de disputas de poder e batalhas sangrentas, foi grande, estratégico e influente município. Mas aparentemente Cruz Alta perdeu o trem da história e estagnou em alguma estação do passado. Motivo de tristeza para seus filhos. Para muitos ela é uma cidade amaldiçoada. Porquê?

Sendo originalmente terra habitada pelos índios guaranis, o nascimento da cidade remonta ao século XVII com a ocupação dos missionários espanhóis da Companhia de Jesus,os jesuítas. Bandeirantes, tropeiros, contrabandistas de fronteira, imigrantes europeus, líderes de estado e revolucionários, pisaram naquele chão. Por estes quase quatro séculos de história, a cidade possui uma bela coleção de lendas e histórias que podem fornecer pequenas pistas para a solução dos mistérios que rondam o lugar.

Entendendo as lendas como narrativas populares que, à semelhança do mito, têm a função de sustentar e explicar uma determinada cultura, minha proposta é fazer uma releitura dessas lendas de forma ilustrada, capturando alguns dos seus símbolos primordiais. Para tentar atingir este objetivo, tanto na pesquisa quanto na elaboração dos textos,conto com a inestimada colaboração da jungiana Juliane Gering.

Acompanhe o blog e faça parte dessa jornada.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Os Músicos de Bremen


É com grande satisfação que divulgo esta adaptação do conto Os Músicos de Bremen dos irmãos Grimm. O projeto, idealizado como TCC pela designer Thaís Fensterseifer, é um kit destinado a crianças de 6 a 7 anos que contém livro, lápis para colorir e cartela de adesivos. A Thaís cuidou da direção de arte e do projeto gráfico e eu colaborei com as ilustrações.
Adoraria ter uma coleção dessas na minha estante.
Clique para ampliar.




quinta-feira, 19 de julho de 2012

O Pavor

Pavor: Sensação provocada por medo violento; terror.Grande susto; assombro.
 
Um preview de algo ainda por vir ...
Veja mais:

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A Arca Perdida: O Bosque dos Suicidas


Dando prosseguimento nas postagens de resgate do meu hd perdido...
Em 2004 fui vencedor do XII Salão Internacional de Desenho para Imprensa, na categoria quadrinhos. A história O Bosque dos Suicidas foi livremente inspirada  na Divina Comédia, de Dante Alighieri e, apesar de gostar da arte, hoje olho pra ela e vejo um monte de furos e inseguranças no uso da técnica. Tá certo que a proposta era bastante experimental, inspirada na arte de Dave McKean, mas chego a pensar: - O que deu na cabeça do pessoal da comissão julgadora pra escolher esse trabalho? 
Obviamente na época eu não pensava assim. Coincidentemente (ironia detected) nesse período eu me achava a última coca-cola do deserto, o rei da cocada preta, o Master Blaster dos desenhos. Tratei mal algumas pessoas, confesso, mas aproveito o momento pra pedir minhas sinceras desculpas por este comportamento tão idiota. O distanciamento no tempo às vezes nos permite adquirir diferentes perspectivas. Ou como disse o Belchior (sim,o cantor) na entrega do prêmio: - Agora achou a tua Beatriz? - Valeu, Juliane, por me acompanhar nessa jornada.

Clique na imagem para ampliar.